Entrevista: Revolution Within

Prova mais que evidente que o underground nacional está a atravessar um dos melhores momentos de sempre é a quantidade de edições de elevado nível que nos chegam bem como a sua distribuição geográfica. Os Revolution Within são oriundos do distrito de Aveiro e com Collision assinam uma estreia francamente auspiciosa. A este propósito fomos conversar com o vocalista Raça.

Com apenas quatro anos de existência chegam ao primeiro disco. Esperavam, de alguma forma, que o vosso trabalho desse frutos tão cedo?
Estamos bastante satisfeitos com o que conseguimos produzir ao longo destes quatro anos, contudo, e por estranho que possa parecer, sabemos que seria possível ter feito ainda mais, independentemente dos diversos problemas com que tivemos que nos deparar ao longo do tempo. Tivemos imensos momentos memoráveis mas também tivemos alguns dissabores, o que nos tornou ainda mais fortes e nos deu motivação adicional para continuar a ultrapassar os obstáculos que nos foram surgindo pela frente. Posso afirmar, sem qualquer dúvida, que o nosso álbum de estreia Collision retrata fielmente aquilo que nós somos, tudo o que nos aconteceu assim como o nosso estado de espírito em determinados momentos.

Estão, então, plenamente satisfeitos com o resultado final?
Estamos bastante satisfeitos com o resultado final, sem dúvida. O processo de gravação foi bastante demorado pois deparámo-nos com alguns obstáculos pelo caminho, mas no fim o balanço é claramente positivo. Tenho a certeza que em situações futuras estaremos melhor preparados e as coisas acontecerão mais naturalmente e de forma mais célere.

Actualmente assiste-se a uma onda revivalista do thrash. Considerando que vocês têm raízes neste estilo, pensam que poderão tirar algum benefício disso?
Em parte, sim. Mas sou de opinião que não podemos pensar que só por esse facto a nossa banda será reconhecida. Temos que ser nós a mostrar serviço e isso só se consegue com muito trabalho e dedicação. Sempre continuarei a acreditar que as nossas actuações ao vivo serão o nosso melhor cartão de visita.

No entanto, para além do thrash tradicional, vocês adicionam um pouco de metal moderno. É uma forma consciente de criação da vossa sonoridade?
Quando a banda surgiu nunca foi nossa intenção enveredar por um estilo definido. Muito menos colarmo-nos a determinada sonoridade. Mesmo não sendo uma banda inovadora tentamos soar diferente das outras bandas, ter uma identidade própria. As nossas músicas foram surgindo com alguma naturalidade e a dada altura rotularam-nos como sendo uma banda de thrash metal moderno. Sinceramente isso nunca nos preocupou... A única coisa que realmente nos interessa é fazer boas malhas de metal, que nos agrade a nós e a quem nos quiser ouvir.

A Rastilho tem apostado em alguns nomes de peso. Vocês são, digamos, a última aposta. Como se vêm no meio de nomes que já alcançaram alguma notoriedade?
Sentimo-nos uns privilegiados por poder estar ligados à Rastilho pois esta editora é, na minha modesta opinião, uma das melhores editoras nacionais. Além disso trabalha com grandes bandas de metal, o que nos deixa bastante orgulhosos. A Rastilho foi sempre a nossa primeira escolha e tivemos a sorte de o Pedro ter apostado em nós. O Pedro é uma pessoa honesta, correcta e dedicada e quem tem essas qualidades obviamente merece ser bem sucedida. De nossa parte tudo faremos para não o defraudar.

Em termos líricos, que abordagens são feitas em Collision?
Como já disse atrás, o disco retrata a nossa personalidade pelo que fala essencialmente de situações por nós vividas, por estados de espírito. No disco também abordamos situações reais, como por exemplo a guerra que não leva a lado nenhum, a inveja e o egoísmo que fazem parte do nosso dia a dia, as relações mal sucedidas, as frustrações e confrontos pessoais, entre outras. Julgo que quem se debruçar sobre o conteúdo lírico certamente se vai rever na maior parte do que é dito. O mundo é precisamente isso, uma constante colisão...

E em termos de composição, como se processam as coisas no seio dos Revolution Within?
O processo de composição passa forçosamente por todos os elementos da banda sendo que, naturalmente, o esqueleto principal da música fica a cargo dos dois guitarristas e do baixista. É um deles que leva para o nosso local de ensaio o primeiro esboço e a partir daí, com a colaboração de todos, a musica começa a ganhar forma. Quanto às letras, estas são criadas essencialmente por mim e por um dos guitarristas, mas obviamente pode haver opinião de qualquer outro elemento da banda.

Os Revolution Within já compartilharam o palco com alguns nomes importantes da cena internacional, como Dew-Scented ou Avulsed. Que mais-valias retiraram dessas experiências?
Foi excelente ter partilhado o palco com algumas bandas estrangeiras já com algum nome na Europa. Além de ser prestigiante para nós também nos dá mais currículo. A principal mais-valia de tocar com bandas estrangeiras prende-se com o faço de podermos aprender imenso. Os Dew-Scented, por exemplo, mostraram ser grandes músicos mas acima de tudo excelentes pessoas, mostrando até uma humildade que me deixou deveras impressionado. Ou seja, aprendi que é possível sermos bem sucedidos sem termos que mudar a nossa forma de ser. Isso deixa-me muito satisfeito. Por outro lado julgo que o facto de participarmos em bons festivais e tocarmos com bandas estrangeiras com renome nos dá sempre uma maior visibilidade bem como faz aumentar a responsabilidade e motivação. Sentimos que as pessoas não olham para nós como sendo apenas mais uma banda de metal. Estarão sempre à espera de mais. Isso constitui um grande desafio para nós.

E no que diz respeito às reacções do público e imprensa a Collision? Como está a ser aceite o vosso álbum?
Ainda é um pouco cedo para tirar conclusões pois o disco saiu apenas há uma semana, mas até agora as reacções têm sido bastante positivas. Quem já teve a oportunidade de ouvir o álbum afirma estar em presença dum trabalho sólido, muito competente e profissional. Obviamente isso deixa-nos bastante satisfeitos e com vontade de continuar a crescer enquanto banda. Quanto ao feedback do estrangeiro, estamos esperançados que as coisas corram bem pois acreditamos imenso no nosso trabalho.

A finalizar que projectos a curto/médio prazo pretendem abraçar os Revolution Within?
Continuamos a ter os pés bem assentes no chão pelo que iremos deixar que as coisas fluam com naturalidade, contudo, obviamente temos sonhos e ambições. Neste momento a prioridade será dar o maior número de concertos para promover o nosso trabalho. Depois disso, se for viável, fazer algumas datas lá fora para vermos a reacção das pessoas. Por último, gravar o nosso segundo álbum.

Comentários

  1. Gostei da entrevista. O músico sabe o que diz e tem os pés bem assentes no chão. É continuar assim!

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