Entrevista: Legacy Of Cynthia

Os Legacy Of Cynthia surgem em 2010, em Sintra, e combinam várias influências e diferentes nuances, abrangendo muito mais além que o tradicional metal. O som da banda pode ser descrito como uma viagem através de paisagens serenas e limpas sem deixar de lado uma vertente mais pesada e direta. Voyage é o trabalho de estreia do coletivo que aproveitou o nome dado pelos celtas à serra de Sintra como inspiração para o seu próprio nome. O guitarrista Oz fala-nos do nascimento e crescimento desta jovem entidade e das metas que se propõem atingir.

Os Legacy Of Cynthia são um projeto recente. Podem falar-nos da génese do coletivo e das experiências anteriores dos seus membros?
Os Legacy Of Cynthia nasceram de uma ambição comum a todos os membros que compõe a banda. Essa ambição está ligada à liberdade criativa que por vezes não encontrou lugar noutros projetos dos quais todos fizemos parte. Partindo daí tentamos que a cada música que fazemos nos consigamos superar, sem nos limitarmos ou tentarmos enquadrar a sonoridade num determinado subgénero. Foi com esse espírito que a banda nasceu e é esse o espírito que queremos que prevaleça. Todas as pessoas que integram este projeto têm um percurso musical bastante vasto e muito rico, tanto a nível nacional como fora de portas, no entanto seria fastidioso estar aqui a falar de alguns projetos passados e talvez não enumerar outros, até por uma questão de respeito para com todas as pessoas com quem já tocámos.

E porque a opção de utilizar dois vocalistas?
O Peter e o Charlie são dois músicos muito talentosos e já trabalham em conjunto há vários anos, complementando-se na perfeição. Devido à diferença de timbres e formas de abordar as malhas eles conseguem criar e encadear diferentes linhas vocais no mesmo riff, quando habitualmente ele seria destinado apenas a uma forma de cantar. No fundo é isso que eles tentam fazer, divagar por uma malha de forma a criarem diferentes sensações e também harmonias com as duas vozes em simultâneo.

A escolha do vosso nome está diretamente relacionada com a vossa origem, certo? Chega a verificar-se alguma dessa influência histórica ou é simplesmente coincidência?
Sim. Cynthia foi o nome dado pelos Celtas à serra de Sintra. E para nós faz todo o sentido estar ligado às nossas raízes e a um local tão místico como este. Mais do que uma homenagem que queremos fazer, sentimos que também nós somos parte do legado desta terra e achámos por bem que essa identificação fosse mais que simbólica, transportando isso para o nome da banda. A influência histórica não tem uma reflexão muito vincada no som que fazemos, mas se repararmos bem não temos cenário mais perfeito para ser o pano de fundo das partes mais atmosféricas e viajantes que temos nas nossas músicas.

Entretanto, não perderam tempo e já apresentam Voyage. Como descreveriam esta vossa estreia?
O EP que agora viu a luz do dia foi fruto de muitas horas de ensaio e composição, muito diálogo e muita força de vontade. Esta estreia é como que um cartão de visita do que podemos fazer e do potencial que existe em nós enquanto coletivo. Achamos que conseguimos um bom trabalho, que com muita humildade e muita dedicação servirá como ponto de partida para mais e melhor.

E de forma o título Voyage se adapta às vossas criações?
Como uma luva. As nossas músicas são recheadas de caminhos por onde gostamos de deambular e onde vão surgindo pormenores e pequenos detalhes como se tivéssemos num caleidoscópio sonoro. E acho que é isso que caracteriza os Legacy Of Cynthia: conjugamos paisagens mais limpas e serenas com alguns abismos onde existem descargas de energia mais acentuadas, tentando que a melodia seja o grande fio condutor desses caminhos.

E como decorreu o processo de composição e gravação?
O processo de composição dentro da banda é democrático e falamos bastante sobre a direção dos temas, sem deixar de lado uma vertente mais espontânea e de jam session. Foi um desafio enorme compor estes temas pois eles mesmos foram-se revelando e ganhando força de dia para dia e não queríamos estragar o que de bom já tínhamos feito. Até ao último dia houve arranjos e ideias novas e isso inclui o processo de gravação, pois muitas coisas surgiram quando estávamos a gravar com o Rui Danin no Trigger Studio. Tivemos sorte de gravar com o Rui, pois ele já nos conhece há alguns anos e sabe como nos motivar e conseguir sacar o melhor de cada um de nós e também esteve à vontade para sugerir várias ideias e mudanças em relação a partes das músicas.

E quais os principais objetivos se propõem a atingir com Voyage? A assinatura com uma editora que vos permita mais visibilidade está nesse conjunto de objetivos?
Antes de tudo este é o nosso primeiro EP e não nos podemos esquecer que somos uma banda recente, mas claro que um dos objetivos passa por assinar contrato com uma editora que nos possa dar mais visibilidade e nos permita melhorar e elevar o patamar da banda. Outro é também tocar ao vivo o mais possível.

O EP tem tido boa aceitação e boa recetividade. Inclusive já foram falados além fronteiras…
Sim, a recetividade tem sido excelente. Não estávamos à espera de ser tão falados e que o trabalho tivesse tido o impacto que teve até o momento. Isso também se deve ao excelente trabalho de promoção desenvolvido pela Avantegarde Mngt. que tem sido incansável e tem conseguido levar a bandeira dos Legacy Of Cynthia além fronteiras e a locais onde nós não esperávamos chegar com este primeiro trabalho.

Sendo que este trabalho já foi gravado há algum tempo, ainda se pode dizer que reflete os atuais Legacy Of Cynthia?
Por completo. Embora todos sejamos apologistas de não repetirmos fórmulas e atualmente estarmos a compor músicas diferentes das presentes no Voyage, procuramos nunca perder a identidade da banda.

E em termos de espetáculos o que poderemos esperar?
Uma grande entrega e a convicção de que saímos do palco com a certeza de ter dado 110%. Atualmente não temos datas confirmadas, apesar de termos algumas coisas alinhavadas mas que carecem de confirmação. Quem estiver a ler estas linhas pode ir consultando o nosso myspace ou facebook para ir ficando a par de novas datas e de algumas novidades que contamos revelar brevemente.

A finalizar, uma vez que os Legacy Of Cynthia estão ainda a dar os seus primeiros passos, que aspirações têm para o vosso projeto?
Acima de tudo é sentirmo-nos realizados com o som que fazemos. Depois os nossos objetivos não fogem aos de qualquer banda em início de carreira, ou seja, tocar ao vivo, assinar com uma editora que saiba trabalhar e levar o nosso nome cada vez mais alto. Aproveitamos também esta ocasião para vos agradecer a oportunidade de divulgarmos o nosso trabalho e também dizer obrigado a todos os que nos têm apoiado até agora.

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