Entrevista: Basement Saints

Em apenas dois anos de existência os Basement Saints construíram uma impressionante base de fãs o que leva a que o coletivo seja já considerado como uma das grandes sensações do rock suíço. Depois do EP Free Souls (2014) surge o álbum Get Ready, o que nos levou a falar com o líder do trio Anton Delen.

Viva Anton! Como estás? Podes falar um pouco dos Basement Saints aos rockers portugueses?
Oficialmente a banda formou-se em 2013, quando Sammy foi para a bateria para gravar o EP Free Souls. Extraoficialmente, já vínhamos a fazer jams durante alguns anos antes, primeiro como um duo com apenas Tobi e eu, e depois, começamos a levar isto mais a sério e quisemos fazer alguns espetáculos melhores e mais divertidos. Todos nós ainda temos emprego, por isso é praticamente uma coisa de fim de semana, mas esperamos que isso possa mudar em breve.

O que vos motivou a começar esta banda?
Todos nós estamos ligados musicalmente e divertimo-nos muito, pelo que teria sido uma vergonha manter isto na cave, por isso decidimos ultrapassar diversas fases e torná-lo oficial.

Sei que, normalmente, as bandas não gostam deste tipo de pergunta, mas, lá vai: quais são as vossas principais influências?
Essa é uma pergunta difícil de responder, man! Basicamente muda a cada semana. Acho que, por acordo mútuo, a nossa maior inspiração e influência será Led Zeppelin, mas não tentamos ser ou soar como eles. Simplesmente fazemos o que sentimos e se soa bem para nós, e podes provar isso pelas reações ao vivo. Em termos líricos, será Jim Morrison, obscuro, quase cínico, mas na verdade poesia sobre questões reais, sendo uma grande motivação para pegar na caneta e escrever algumas rimas. Mas, para mencionar alguns: Black Sabbath, Humble Pie, The Who, Rolling Stones, CCR etc.

Get Ready é a vossa estreia depois do EP. Em que difere este trabalho quando em comparação com o EP?
Naquela altura, eramos ignorantes e não nos preocupávamos com as estruturas e arranjos dos temas. Limitávamo-nos a tocar. Queríamos que tudo soasse tão real e honesto quanto possível. Fizemos todas as cinco músicas num dia. Era claro e predeterminado: já estávamos preparados antes da gravação. Com Get Ready não quisemos um produtor, queríamos fazer tudo por nós mesmos e, basicamente provar, que valia a pena ou estávamos errados. Isso foi stressante mas divertido, foi espontâneo. Passamos seis em estúdio e tocamos as músicas ao vivo, como temos vindo a fazer, há mais de um ano, nos concertos. E gostamos, estamos orgulhosos e mal posso esperar para gravar o próximo.

Voltando ao tema lírico, quais são os principais temas abordados?
Basicamente, apontando os caminhos gananciosos do capitalismo e a forma como está a destruir, não apenas a humanidade, mas todo o nosso ecossistema. 95% da riqueza do mundo está nas mãos de 1% da população. Nós, os restantes estamos a lutar por 5%. Simplesmente não faz sentido. Basicamente a merda da hipocrisia.

O álbum foi muito bem recebido. Esperavam isso?
Esperávamos isso, mas realmente não tínhamos tempo para esperar qualquer outra coisa. No entanto, tem sido uma viagem além das nossas expetativas.

E chegaram a entrar nos tops do iTunes, certo?
É exatamente algo que não estávamos à espera, mas quando isso aconteceu ficámos surpreendidos.

Sei que algo inesperado aconteceu aquando da gravação. Importas-te de nos contar essa história?
Sim, seis meses antes da gravação, reservámos um estúdio propriedade de um amigo que tem a sua própria banda. Dois dias antes de iniciar as gravações, ele chamou-nos e disse que estava no hospital por insuficiência hepática depois de voltar de uma tournée pelos EUA. Deve ter sido uma tournée pesada.

E como foi, depois, a experiência em estúdio?
Felizmente aconteceu que o marido da nossa agente, teve algum tempo e tem um estúdio. Ele pertence, também à nossa editora por isso ficou tudo num pequeno círculo de pessoas. Foi muito divertido, ficamos lá por seis dias, dormíamos no estúdio e lavávamo-nos na banca.

Nesta altura, estão numa tour pela Suíça, correto? Como vão as coisas?
Bem, ótimo! Não diria que é uma tournée, uma vez que é basicamente o que temos vindo a fazer desde antes da saída do álbum. Apenas temos concertos aos fins de semana.

Depois virá uma tour pela Europa - Alemanha, Holanda, França e Espanha. Quais são as vossas expetativas?
Mal posso esperar por isso! Estamos muito animados e espero conhecer muitas pessoas novas e ver novos lugares. Também vamos aprender muito sobre a nossa própria resistência uma vez que apenas fizemos três espetáculos seguidos. Nessa tournée vai ser todos os dias!

Bem, Anton, muito obrigado! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelo interesse, gostaríamos de visitar Portugal um dia!

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